RESUMO Este artigo aborda a difusão, no Sudeste do Brasil, do trabalho dos rocailleurs e dos cascateiros e de suas obras, as rocailles. Esses ornatos eram confeccionados em cimento armado, entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, para jardins e parques de estilo paysager. O repertório das obras em rocaille incluía pontes, bordas de repuxos, tanques e lagos, cascatas e grutas artificiais, miradouros, coretos, bancos, quiosques, mesas e caramanchões. Tais artefatos eram, em sua grande maioria, feitos para imitar as texturas dos troncos das árvores, dos bambus, de cipós, a feição dos conjuntos rochosos, de pequenos insetos, entre outros elementos do universo mineral e do orgânico. Quanto à delimitação temporal, identificou-se que o apogeu da constituição desses ornatos em cimento armado para jardins, parques públicos, residências das famílias abastadas nos centros urbanos e também nas fazendas ocorreu entre 1870 e a década de 1920. Nesse mesmo período, reclames nos periódicos, notadamente os do Rio de Janeiro, anunciavam serviços de jardineiros, rocailleurs e de cascateiros especialistas na arte e na técnica de construir cascatas, grutas e demais obras em cimento armado ao gosto da época. Os trabalhos de estrangeiros como o chef rocailleur francês Paul Villon e o cascateiro português Francisco da Silva Reis serão aqui examinados, tomados como expoentes e extremos de um processo histórico que teve seu início, apogeu e declínio durante o período mencionado.
ABSTRACT This article deals with the proliferation of rocailleurs and cascateiros and their works, the rocailles, in the southeast of Brazil. These adornments were made from reinforced concrete between the end of the nineteenth century and the first two decades of the twentieth century, for gardens and parks in the landscaped paysager style. The repertoire of rocaille works included bridges, fountain borders, ponds, waterfalls and artificial caves, viewpoints, bandstands, benches, kiosks, tables and arbors. These artifacts were mostly made to mimic the textures of tree trunks, bamboos, vines, the shape of rocky clumps and small insects, among other organic and mineral elements. The highpoint of these reinforced concrete embellishments for gardens, public parks, and the homes of wealthy families in the urban centers and also in farms occurred between 1870 and the 1920s. During that time, advertisements in newspapers, notably those in Rio de Janeiro, announced the services of gardeners, rocailleurs, and cascateiros, specialists in the art and technique of building waterfalls, caves, and other fashionable works in reinforced concrete. This essay examines the work of foreigners like the French chef rocailleur Paul Villon and the Portuguese cascateiro Francisco da Silva, taken as examples of a historical process that had its beginning, apogee, and decline during the aforementioned period.